O Ciclo Musicatos, já na sua 17ª edição, dá palco a jovens músicos que ambicionam fazer carreira no mundo artístico.
O concerto foi protagonizado por João Soares, ex-aluno de saxofone da Academia de Música de São João da Madeira, acompanhado por Filipe Cerqueira no piano.
Do repertório executado, destaca-se a exploração de uma série de técnicas que demonstraram a versatilidade do saxofone. Para João Soares, este concerto foi a “concretização de um sonho”. Ao longo da sua vida, como estudante na Academia de Música, sempre teve o desejo de um dia protagonizar um concerto no âmbito deste ciclo, por onde passaram tantos jovens como ele e que, agora, prosseguem carreiras de prestígio a nível nacional e internacional.
O concerto iniciou-se com uma adaptação para saxofone solo do Prelúdio da Suite para Violoncelo nº 1, em Sol Maior, de J.S. Bach.
Prosseguiu com uma obra bastante conhecida e fundamental do repertório para saxofone: a Sonata do compositor Paul Creston – de origem italiana, nascido Guiseppe Guttoveggio. Constituído por três andamentos, neste concerto foram interpretados os dois primeiros. Como indicado na partitura (with vigor), os intérpretes iniciaram a abordagem a esta obra com determinação e de forma muito arrojada. O equilíbrio sonoro entre piano e saxofone foi muito bem conseguido, criando verdadeiros momentos de música de câmara. O segundo andamento (with tranquillity), prezou pela qualidade sonora e afinação cuidada do saxofone, demonstrando que o intérprete, apesar de bastante jovem, apresenta já, grande maturidade musical.
Rapsodia, de C. Debussy, foi a obra seguinte. Esta obra foi encomendada por Elise Hall, uma das primeiras saxofonistas e mecenas americana, ao próprio compositor. Com caráter impressionista, toda a fluidez de tempo e temáticas idiomáticas deste género esteve presente na interpretação.
Seguiu-se a obra solo Improvisation I do compositor japonês Ryo Noda. Sendo uma obra que explora uma panóplia variada de técnicas estendidas do saxofone, como os bisbigliandos, flatterzunge, ou o uso pouco convencional do vibrato, foi demonstrado um excelente domínio técnico do instrumento e da linguagem. Não se limitando a isso, João Soares procurou criar ambientes musicais extremamente interessantes e meditativos, lembrando os sons do Shakuhachi.
Seguiram-se o 1º e 2º andamentos do Concertino de Camera, do compositor francês J. Ibert.
O concerto terminou com G. Gershwin, uma obra muito conhecida do compositor, que se enquadra num limbo entre a música clássica, o jazz ou a música da Broadway.
O público presente ficado conquistado pelos intérpretes, pelo reportório escolhido e pela grande versatilidade artística do saxofone.
O próximo concerto do ciclo Musicatos será no próximo dia 23 de março. Convidam-se os sanjoanenses a marcar presença e a apoiar os jovens artistas que se apresentam neste ciclo.