O Centro de Arte Oliva promoveu uma campanha para encontrar desenhos do português mais reconhecido na arte bruta, cujas obras dispersaram a partir da década 80. Foi possível identificar 55 desenhos, sendo que 10 não estarão na exposição.
A falta de espaço que, por vezes, existe no Centro de Arte Oliva (CAO), quando se desmontam exposições, fez com que os dois desenhos de Jaime Fernandes que integram a coleção Treger/Saint Silvestre, em depósito na instituição cultural sanjoanense, passassem uns dias no gabinete de Andreia Magalhães.
Foi assim que, em 2019, a diretora do CAO, ao observar as obras, começou a pensar numa exposição dedicada ao artista, pastor natural de Barco, na Covilhã, que viveu os últimos anos internado no Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, onde foi internado em 1938, depois de ter sido diagnosticado com esquizofrenia.
Em 2019, o objetivo era inaugurar a exposição em 2020. A responsável do CAO entendeu “que fazia todo o sentido” dar a conhecer Jaime Fernandes (1899-1969).
“A minha relação com Jaime Fernandes veio pelo filme de António Reis, que conhecia muito bem. Quando vim para cá trabalhar, a arte bruta era um território mais desconhecido”, confessa Andreia Magalhães, acrescentando que “não tinha noção de que a obra se tinha perdido”.
Depois de falar com os colecionadores e de uma primeira investigação, a responsável percebeu que “grande parte da obra se tinha perdido e que ia ser mais complicado” do que esperava trabalhar nesta exposição. Andreia Magalhães recorda que “o tempo de produção foi muito curto”, pois Jaime Fernandes começou a desenhar com 66 anos, ou seja, 4 anos antes de falecer.
“Com muito apoio dos colecionadores, que conhecem outros colecionadores”, bem como de artigos do investigador João Pedro Fróis, que apontavam “algumas coleções onde havia desenhos”, os primeiros contactos fizeram com que Andreia Magalhães achasse, em 2019, “que ia ser muito bom reunir cerca de 20 desenhos”.
Artigo disponível, em versão integral, na edição nº 3840 de O Regional, publicada em 22 de abril de 2021.