Apartamentos de autonomização ajudaram pessoas sem-abrigo

Terminou no final de junho o projeto “Novo Dia”, promovido pela Câmara na sequência da aprovação de candidatura ao Programa Operacional Regional Norte (NORTE 2020), que possibilitou um financiamento de 51 mil euros do Fundo Social Europeu

Dirigido a pessoas em situação de sem-abrigo, o “Novo Dia” decorreu ao longo dos últimos 18 meses (de 4 de janeiro de 2022 a 30 de junho de 2023), tendo assentado em parcerias estratégicas desenvolvidas pela autarquia no seio da Rede Social de S. João da Madeira, nomeadamente com a Santa Casa da Misericórdia de S. João da Madeira, que, através do Trilho, foi a entidade que assegurou a operacionalização das ações no terreno.
No quadro deste projeto, foi preparado e equipado, de acordo com informação disponibilizada pela Câmara Municipal, um apartamento T3, para pessoas do sexo feminino em situação de sem-abrigo, que se somou a outros espaços semelhantes que já se encontravam em funcionamento para pessoas do sexo masculino.
A criação desse apartamento de autonomização para mulheres inseriu-se no eixo habitacional do “Novo Dia”, tendo em vista “um acompanhamento continuado, em contexto residencial”, promovendo “a autonomização, o desenvolvimento de competências ao nível relacional e gestão quotidiana do espaço, a promoção do acesso aos diversos recursos da comunidade local com vista a uma plena reinserção social”.
Na vertente ocupacional - outro dos eixos do projeto -, proporcionou-se aos sem-abrigo aderentes um espaço com capacidade para 10 pessoas, onde se dinamizaram diversas iniciativas, designadamente artísticas e de desenvolvimento pessoal e social, dinâmicas de grupo e treino de competências pré-profissionais. No fundo, procurou-se “possibilitar a mediação entre a pessoa, o processo terapêutico, as estruturas judiciais, educativas, de saúde, habitação e emprego”.
O terceiro eixo passou pela “gestão, capacitação e sensibilização, comunicação, acompanhamento, avaliação e disseminação”, tendo sido realizado o “acompanhamento e uma avaliação regular de todas as ações do projeto, sensibilizando a comunidade em geral para a problemática das pessoas sem-abrigo, bem como formando os agentes sociais, judiciais, de saúde e educativos, especializando-os nesta matéria”.

Projeto com impacto no número de pessoas sem-abrigo

A articulação entre os diferentes eixos do “Novo Dia” foi assegurada por duas profissionais - uma psicóloga como gestora de processo e uma animadora social a tempo parcial - que também “garantiram todo o funcionamento do projeto”, sendo que este registou, ainda de acordo com informação do Município, uma taxa de execução de 93 por cento.
Durante o desenvolvimento do projeto, foram sinalizadas 12 pessoas sem casa (a viver em quartos de pensão, centros de acolhimento temporário ou situações similares) e cerca de 50 sem teto (a dormir na rua ou em habitações devolutas). Embora se trate de uma população flutuante que circula por diferentes localidades, haverá atualmente em S. João da Madeira, e tendo em conta a conclusão com sucesso de processos de autonomização, seis pessoas sem casa e uma dezena sem teto, estando outras nove em risco.
O presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, Jorge Vultos Sequeira, afirma que este projeto reflete “a atenção que o município de S. João da Madeira dedica aos cidadãos sem-abrigo”, tratando-se de uma política que se “fundamenta no princípio da igualdade” e no respeito pelo “princípio da solidariedade”, como referiu na intervenção que fez na apresentação dos resultados do “Novo Dia”.
“Houve uma mudança radical nesta política na cidade desde 2017, através de diversas medidas inovadoras, como a criação de apartamentos de autonomização e o apoio ao refeitório social, desenvolvidas pela Câmara Municipal, em parceria com a Misericórdia”, salientou Jorge Vultos Sequeira ao nosso jornal.

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