As marchas populares e a vertente religiosa voltaram a ser os pontos altos da festa, que teve Ana Bacalhau e Belito Campos como principais cabeças de cartaz. O investimento rondou os 75 mil euros, sendo comparticipado pela autarquia em 30 mil euros
Marchas populares, música, devoção religiosa, procissão, sardinhas assadas a pingar no pão, bifanas, vasos de manjericos com quadras a condizer, e o fogo do artifício foram algumas das razões que levaram, em 2023, milhares de pessoas às Festas da Cidade e de S. João Batista, que decorreram de 22 a 26 de junho, transformando a festividade num grande arraial.
Com um custo a rondar os 75 mil euros, a autarquia, à semelhança do que aconteceu no ano passado, atribuiu um subsídio de 30 mil euros. Além disto, assegurou toda a logística, nomeadamente a cedência do palco e respetiva instalação elétrica, instalação de ramais de água e, devido ao saneamento, a cedência de sinaléticas e gradeamento, como refere a proposta que foi aprovada, por unanimidade, na reunião de câmara realizada, em junho deste ano.
“As Festas da Cidade constituem um importante momento de reunião de todos os sanjoanense”, assegura o presidente da Câmara de S. João da Madeira.
Jorge Vultos Sequeira refere a ‘O Regional’ que a autarquia “está empenhada na manutenção desta tradição popular tão antiga, e que integra a nossa identidade local”. O autarca deixou ainda uma palavra aos moradores da Avenida da Liberdade que “compreendem a importância destas festividades” e deixou palavras de “agradecimento” aos membros da Comissão de Festas pela “dedicação e voluntariado”.
A festividade arrancou na última quinta-feira, com mais de duas mil crianças das escolas a desfilarem nas Marchas Populares. Dia 23, subiu ao palco instalado pela autarquia no jardim municipal, o Brasil a 1000, no sábado, dia 24, Belito Campos (fundador e impulsionador do Grupo Tropical Band). No dia seguinte, subiram ao palco a banda de música de S. João da Madeira e da banda de música de Rio Moinhos.
No domingo, dia 25, celebrou-se a missa solene ao Padroeiro e, durante a tarde, a tradicional procissão, composta por mais de 20 andores e cerca de 100 figurantes, que desfilaram pela Rua Padre António Maria Pinho, Rotunda do Hospital, Av. Dr. Renato Araújo (Malisan), Rua Dr. Maciel (até à Colmeia), Largo de Santo António (entre Paços da Cultura e Correios), Rua Padre Oliveira, Rua Alão de Morais (até PSP), Av. Benjamim Araújo, Rua João de Deus, Rua Visconde de S. João da Madeira, terminando na igreja matriz. E, como é tradição, muitas varandas dos prédios destas ruas estavam engalanadas com as melhores colchas, sinal de respeito e fé.
Coube a Ana Bacalhau, considerada uma das mais talentosas e inovadoras cantoras da sua geração, encerrar a festividade musical, interpretando temas dos seus trabalhos a solo, sem esquecer algumas das grandes canções dos Deolinda, verdadeiros hinos de uma geração. Seguiu o tradicional, e muito esperado, fogo-de-artifício.
Segundo apurámos, a autarquia comparticipa com 30 mil euros. O restante é adquirido no peditório porta a porta.
Apesar de não se saber ao certo quando é que a Festa do S. João da Ponte, em S. João da Madeira começou, segundo os populares, terá mais de 50 anos, com “alguns” interregnos pelo meio, principalmente “nos anos 60”, recordam.
É uma tradição que juntou gerações, numa festividade no lugar da Ponte, em S. João da Madeira, que sempre se destacou pelo “bairrismo de um povo que sempre gostou de receber bem”. Sanjoanenses “bairristas” explicaram a ´O Regional’ que as festas eram “pensadas com muita antecedência” e, na última semana, as margens do rio Ul eram limpas, era colocada uma rampa de acesso ao embarque dos barquinhos, eram ali colocados pneus para proteger os barcos e a cascata, que, se encontrava naquele local sempre de portas abertas e que “atraia os visitantes”.
Andar nos barquinhos de remo no S. João da Ponte era sempre um dos momentos mais aguardados pela população da terra e por quem a visitava.
Aqueles sanjoanenses afirmam não recordarem “ao certo” o tempo de viagem nem o preço que a comissão de festas aplicava aos interessados. Aquilo que sabem é que seria um valor “simbólico”, e o percurso era feito entre a ponte nova e a ponte velha.
Festa terá começado nos anos 60
Antigos festeiros, referem a ´O Regional’ que eram aproximadamente quatro os barcos de remo em madeira, todos com cores diferentes e atrativas. Miúdos e graúdos queriam passar pela experiência de “conduzir” o barco num rio que ganhava uma nova vida por esta altura do ano, contam.

Os barcos eram alugados todos os anos pela comissão de festas e os “bilhetes” serviam para angariar verbas para contribuir nas despesas da festividade. O povo do Lugar da Ponte, local onde a festa se realizava, arregaçava as mangas, logo no início do mês do santo padroeiro, e limpavam todas as margens do rio.
Os festeiros garantem que a festividade terá começado nos anos 60. “O S. João da Ponte tem mais de 50 anos”, e a prova disso “são as publicações que eram feitas nas páginas de ‘ O Regional’.
Com o passar dos anos, as festas ganharam uma maior popularidade e atratividade e passaram a concentrarem-se em S. João da Madeira muitas pessoas que deixaram para trás os festejos no grande Porto. Mas os antigos festeiros recordam e reforçam a ‘O Regional’ que o “bairrismo” mudou quando, em 2000, a autarquia passou a promover as Festas da Cidade, que englobou também o S. João da Ponte. “Perdeu-se o bairrismo que sempre existiu no lugar e na organização desta festa”, recordam, ao ponto de se sentir esse reflexo nos próprios peditórios: “as pessoas diziam-nos para irmos pedir para onde ficavam as diversões”, frisam.