A Mesa Administrativa com este artigo pretende elucidar os leitores sobre o trabalho que a Misericórdia de S. João da Madeira tem vindo a fazer para tentar diminuir esta grave carência da nossa comunidade.
Este assunto é recorrente e, volta e meia, faz manchetes na comunicação social.
Como nem sempre é abordado com correção e lisura entende a Mesa Administrativa vir elucidar os leitores sobre o trabalho que a Misericórdia de S. João da Madeira tem vindo a fazer para tentar diminuir esta grave carência da nossa comunidade. É grave, mas não é aquilo que alguns querem fazer crer.
Em lista de espera, inscritos nos últimos três meses, temos 34 idosos, e desses, só dez são residentes em S. João da Madeira. No mesmo espaço de tempo admitimos 6 idosos, sendo três no Lar de S. Manuel, dois no Lar Dra. Leonilda Matos e mais um na Casa de Repouso Manuel Pais Vieira Júnior. Estas três estruturas, no seu conjunto, albergam 190 pessoas.
A Casa de Repouso é uma estrutura sem acordo com a Segurança Social, e por isso, tem uma tabela de preços que é compatível com as capacidades financeiras de classes médias. Esta tabela nada tem de exorbitante e está em sintonia com o que é aplicado em estabelecimentos similares dos concelhos vizinhos. O facto de a Casa de Repouso se encontrar quase permanentemente com a frequência completa, diz bem, da qualidade e preços praticados.
Nos outros dois estabelecimentos (S. Manuel e Dra. Leonilda Matos) está superiormente estabelecido que a Segurança Social comparticipa com €490,75, e o utente com 75% a 90% da sua reforma. Como por vezes as reformas são muito pequenas, inferiores a €750, e não permitem alcançar o custo médio de utente em Lar (€1.250), é negociado com a família do utente a possibilidade de haver uma verba que cubra a diferença. Em todo o caso, haverá sempre ainda a possibilidade de o utente recorrer a uma das 17 vagas cativas da Segurança Social.
Consideramos que a comparticipação da Segurança Social é demasiado baixa e temo-nos batido, através da União das Misericórdias, para que este valor seja substancialmente aumentado de modo a desonerar os utentes e permitir um melhor equilíbrio financeiro às instituições.
É completamente errado querer fazer crer que só entram para os Lares pessoas que possam pagar valores elevados.
A Misericórdia sanjoanense foi a precursora na edificação deste tipo de resposta social na nossa região e no país. Em 1978, mal saiu legislação que o permitia, os responsáveis da instituição meteram mãos-à-obra e construíram de raiz instalações dignas para albergar 90 seniores. Nos municípios vizinhos houve que esperar mais vinte anos para estruturas similares aparecerem.
Nos anos seguintes foi construída a Casa de Repouso e em 2018 foi adquirido o Lar Dra. Leonilda Matos. Pelo meio, por diversas vezes, a Misericórdia tentou construir mais equipamentos deste género para colmatar as dificuldades e sempre fomos torpedeados pelo Estado.
Tivemos projetos de arquitetura evoluídos, terrenos com cedência aprovada pela Câmara Municipal, condições financeiras estudadas, e sempre os Governos encontraram meios de impossibilitar a nossa ação. Umas vezes era porque o município já tinha uma cobertura deste tipo de alojamentos acima da média nacional, outras porque as verbas destinadas às candidaturas estavam tomadas com edifícios já em fase mais adiantada, e outras ainda, porque um aumento de 20 camas numa estrutura de 40 camas não era considerado interessante.
Temos obtido nula compreensão por parte do Estado, mas isso não impede que continuemos a esforçarmo-nos para crescer nesta atividade. A Mesa Administrativa da Santa Casa conhece bem o problema, tem elucidado os autarcas para a forte carência, e acreditamos que a nossa persistência vai permitir vencer as adversidades.