São João da Madeira é hoje uma cidade com três vertentes económicas: a industrial, os serviços e o comércio.
As comemorações do dia de elevação a cidade, de São João da Madeira, permitem refletir sobre o seu desenvolvimento, nos últimos quarenta anos.
Uma evolução sustentada, em décadas anteriores, no esforço individual e coletivo, que juntou a capacidade empreendedora da população e a fortuna na angariação de fundos, para dotar de edifícios de carater público a então vila. Devido ao seu rápido progresso e industrialização, tornaram-na numa localidade com muitas caraterísticas urbanas. Reconhecimento explícito pelo poder vigente, ao permitir a instalação de modernos equipamentos, dando como exemplo, entre outros, a central telefónica (associada ao edifício dos Correios de Portugal) e o seu indicativo 056, a designar a região em torno de São João da Madeira.
Com os anos de democracia a traduzirem-se numa maior ação do poder local, com reforço e disponibilidade de mais verbas, o que permitiu aos diversos municípios investir de forma faseada no desenvolvimento social e económico dos seus territórios, São João da Madeira aproveitou a singularidade do seu território para se equiparar às localidades vizinhas, sedes de municípios e alcançar o estatuto de cidade, em simultâneo com Oliveira de Azeméis e Ovar. Só anos depois é que Vila da Feira e Águeda atingiriam o mesmo patamar.
Os anos com estatuto de cidade coincidem com a atribuição de vários fundos estruturais europeus, aproveitados pela autarquia para continuar a dotar a localidade com os equipamentos em falta, construindo de raiz alguns, ou procedendo à requalificação de edificado, muitas vezes devoluto, dando-lhe uma nova utilidade.
Com os apetrechamentos necessários, incluindo habitação tipo social, o desígnio da cidade passou por melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes. Exemplo dessa melhoria, é a possibilidade de os jovens frequentarem aulas de música, ou de outras artes, ou mesmo de praticarem desporto federado com competições. Um desenvolvimento pessoal, reforçado com novos espaços para a produção de eventos culturais, como os que proliferam pela cidade, onde se inserem os núcleos museológicos de índole industrial.
São João da Madeira é hoje uma cidade com três vertentes económicas: a industrial, os serviços e o comércio. Pensou-se que a primeira componente iria desaparecer, no entanto, a dinâmica empresarial provou o contrário. Aos poucos, as empresas vão-se renovando e novos investimentos vão sendo efetuados ou captados, como é apanágio dos tempos atuais, em que as próprias autarquias procuram canalizar os investidores para os seus territórios, tendo gabinetes especializados para esse efeito.
A proximidade e inserção na área metropolitana do Porto acarreta um outro estatuto à cidade, a de fornecedora de recursos humanos mais especializados para concelhos mais distantes. Uma migração diária, com longas filas de automóveis em períodos de regresso a casa, em que a existência de uma autoestrada, A32, não foi suficiente para proporcionar um descongestionamento de trânsito e uma redução no tempo de deslocação.
A qualificação da população, promovida na cidade durante décadas, traduz-se nos dias de hoje, numa maior exigência sobre o espaço público.
Qualquer sinal de insegurança é extremado.
Qualquer desleixo é reprovado.
Qualquer desmazelo é criticado.
Perante isto, torna-se imperioso verificar o estado dos passeios, os buracos no alcatrão, o volume das árvores, a iluminação noturna nas ruas, ou mesmo repor as pinturas das paredes dos edifícios públicos, eliminando as pichagens. Sobrando pouca capacidade para o restante.
O investimento municipal continua condicionado à sua dívida, em contraste com outras autarquias, que saíram do último quadro de fundos comunitários, com possibilidade de assumir o pagamento de empreitadas da responsabilidade do Estado central, como o edifício do Tribunal em Santa Maria da Feira.
Em São João da Madeira, em virtude da pouca autonomia financeira, adia-se a concretização de promessas antigas, como a construção de uma nova piscina municipal, ou a materialização do Centro de Memória Industrial, ou o parque de estacionamento a nascente da Praça Luís Ribeiro, ensaiando-se novos ensejos, que serão melhoramentos bem-recebidos, quando finalizados.
Por vezes, uma rutura com os desejos de outros autarcas tem que ser assumida.
Para o futuro, a cidade continuará o seu desenvolvimento, continuará certamente a captar investimentos, esperando-se um incremento demográfico sustentado e para manter a sua atratividade deverá ter espaços revitalizados, para não prejudicar o padrão de qualidade, que sempre a caraterizou.