Educação

Carolina Silva: “A minha vida é e sempre foi ensinar”

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Apesar de estar aposentada, considera-se “sempre professora” e com vontade e capacidade de continuar a ensinar. Carolina Silva é voluntária, todas as manhãs, na Escola de Carquejido, onde lecionou e foi diretora.

“Estar aposentada não significa estar parada”. Longe de querer mostrar publicamente o amor pela arte de ensinar, Carolina Silva está aposentada há cerca de 10 anos, depois de longos anos de exercício na Escola de Carquejido, uma das seis E.B.1/JI do Agrupamento João da Silva Correia, em S. João da Madeira.
Fala do ensino, com a mesma paixão que sentia quando iniciou a carreira e, apesar de reformada, continua a ir todas as manhãs para a escola onde lecionou durante várias décadas e fez os seus primeiros anos de escolaridade. “A minha vida é e sempre foi ensinar. Um professor nunca deixa de ser professor”, e é isso que quer e continua a fazer. Ensinar, acompanhar os alunos ao lado de antigas colegas.
Vive a poucos metros da “sua escola”, onde estão, e sempre estiveram, os seus meninos. “Foi aqui que fiz a minha escola primária, mal sabia que um dia vinha para cá como professora. Esta escola também é a minha casa. A minha vida”, assume a 'O Regional’.
Gostar de estar com as crianças, de se sentir presente e “útil” como voluntária, é algo que se tornou numa missão altruísta para Carolina Silva.
Respirar o ar do conhecimento que sempre por lá andou, sentir os miúdos traquinas a chegar, e uns outros tantos mais tímidos a irem pelos corredores de acesso às salas. A hora de entrada, o do intervalo, as conversas e a dedicação levam a docente voluntária a voltar, diariamente, ao lugar onde já foi muito feliz, e continua a ser.
Ao contrário da maioria das pessoas, esta professora nunca pensou muito na reforma. A ideia de um dia deixar, definitivamente, de entrar pela porta da escola, angustiava-a. “Eu desejava que o dia chegasse cada vez mais tarde. Só pensava o que vou fazer aos meus dias, a escola, as colegas os meninos”. O primeiro dia que o despertador não tocou foi estranho para Carolina. “É uma sensação estranha, porque acabámos, de um dia para o outro, com a nossa rotina de anos”, e diz que nunca se preparou para isso.

“Foram anos maravilhosos”

Depois da reforma os dias de Carolina passaram a ser iguais. As rotinas faziam-lhe falta. O olhar estava caído, até que as colegas da “sua escola” a convidaram a voltar para junto delas.
“Desde o dia em que me convidaram que aqui estou. Foi uma alegria tão grande regressar”. Dá apoio às colegas na sala de aula, principalmente na sala do primeiro ano, que “exige um pouco mais de apoio, autonomia, porque é tudo novo para eles, necessitam mais de atenção. Há alunos que até dizem que têm duas professoras”, graceja.
Os tempos mudaram e ser, atualmente, professor “é mais difícil e complicado”, principalmente porque os trabalhos “saem há muito fora da sala de aulas, há um trabalho de secretaria que não existia”, o que poderá estar a “cansar” muitos profissionais, considera.
Antigos alunos recordam a ‘O Regional’ a “dedicação, meiguice, ternura, capacidade de entendimento e o gosto de ensinar” da professora.
“Felizmente tenho muita ligação aos meus antigos alunos, e este reconhecimento é o melhor que um professor ou qualquer outro profissional podem receber”, é um sinal que o “nosso trabalho foi bem desempenhado. “Foram anos maravilhosos”, rematou.

 

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