Fim de semana à porta. Quando o Pedro, o nosso filhote, disse-nos que a sua equipa de basquetebol, da Associação Académica de Coimbra, ia jogar a Ponte de Lima com a equipa do Limiense, eu e a Lídia ficamos a olhar um para o outro... O nome de Ponte de Lima dizia-nos bastante. Para além, de ser uma das mais antigas vilas de Portugal, há quem defenda que é mesmo a mais antiga. Bem, mas tem uma forte tradição desportiva na canoagem, tendo o seu expoente máximo no campeão olímpico Fernando Pimenta.
Nesta troca de olhares, logo nos saiu o nome Labruja... Uma das mais difíceis etapas do Caminho Central Português para Santiago. Propusemos ao nosso filho irmos mais cedo para, de uma forma simbólica, mostrarmos um pouco do que foi aquela etapa. Ele gostou da ideia! Então, no último sábado, percorremos cerca de seis quilómetros a pé pela margem do rio Lima e, atravessamos a ponte romana que dá nome à vila. Para mim e minha mulher foi uma tarde de maravilhosas recordações...
Quando em 2021 partimos de Seara, não muito longe de Ponte de Lima, rumo a Rubiães, numa etapa de cerca de vinte e três quilómetros, estávamos longe de imaginar que esse dia iria ficar tão vincado nas nossas vidas. Na verdade, o Caminho de Santiago marca de uma forma muito intensa.

Nesta etapa conhecemos pessoas fantásticas, que ainda hoje mantemos o contato. O João e o David, pai e filho que tinham vindo do México para fazerem o caminho. De Itália conhecemos o Flávio, veterinário, o Alessandro e o Sérgio. Da vizinha Espanha conhecemos o Nathan e a Alicia. Todos nós, desconhecidos entre si, até aquele dia, mas com momentos únicos partilhados por todos nesse caminho até Santiago de Compostela. Para além das sempre incríveis paisagens, da fonte das três bicas, tivemos de ultrapassar uma enorme subida, toda ela em rocha e pedregulhos soltos. A subida é um constante desafio ao nosso equilíbrio, a Labruja... só quem já fez os caminhos sabe do que eu estou a falar, ou melhor dizendo, a escrever!! Nesse dia, a etapa terminou em Rubiães no albergue “O Ninho”. Fomos acolhidos, e tão bem acolhidos, pela dona, de nome Marlene, num albergue que nos cativou pela simpatia e aconchego. Além de gerir o albergue, Marlene também escreve. Sim, ela é escritora com obra publicada. Fez questão de nos oferecer um dos seus livros com dedicatória e autografado. “Memórias de Josefina”, assim se chama o livro. Obrigada Marlene, adoramos o livro! Já fomos à nossa biblioteca municipal, na tentativa de que a Marlene fizesse aqui em S. João da Madeira a apresentação do seu livro. Mas ao falarmos com a funcionária que estava na recepção da entrada e ao colocar esta questão, e com diretora ao seu lado, disse-nos que teríamos de o fazer via e-mail. Depois deste aparte que tinha de ser escrito, ainda voltando a esta etapa...
No final desta etapa, após em merecido banho e um breve repouso, este grupo de peregrinos juntou-se para um jantar em grupo onde nos conhecemos melhor, partilhamos momentos que ficarão para sempre nas nossas memórias.
Mas voltando ao presente... o jogo de basquetebol entre a equipa do Limiense e a A. A. Coimbra foi agradável, equilibrado. A Académica ganhou, mas os rapazes do Limiense têm lá um jogador de S. Tomé e Príncipe, o Patrick, um atleta bem agradável de ver jogar. Também bonito de ver foi o jogo ser arbitrado por um árbitro da nossa principal Liga. Deviam aparecer mais vezes nestes jogos.
Na música proponho uma viagem ao Ragtime com Scott Joplin.
Nos livros, “Novelas exemplares”, de Cervantes.