Há uma sede que a água não mata!...

Sabemos que o nosso organismo aguenta mais a fome do que a sede, pois à míngua de água ele colapsa.
Por isso, o tormento da sede é tão doloroso que quem dá um simples copo de água a quem nos pede, não ficará sem recompensa, disse Jesus um dia.
Eu já tive experiência demasiado forte do que é sentir sede, quando a minha primeira filha nasceu. Tive uma rotura da placenta e a bebé estava a sucumbir. Tive sorte, porque o operador era da terra do meu marido e tinha estado connosco a ver a neve na serra da Freita, pois ela nasceu a 15 de janeiro de 1967.
Dirigi -me logo ao hospital, que entrou logo em contato com o médico, pois a enfermeira que por acaso era uma irmã duma congregação religiosa, tinha ficado muito aflita, por não sentir com o foco a bebé.
Como o anestesista estava no Porto e era urgente salvar a menina, o médico nosso amigo optou por uma Raqui: injeção na espinal medula, estando eu consciente durante a cesariana e a vomitar.
Como vomitei, perdi líquido e fiquei desidratada. O meu operador proibiu--me de ingerir qualquer líquido. A sede era tanta, tanta, que eu pedia: Por favor, só um pinguinho de água. Então a minha sogra que estava no quarto comigo, molhava um lencinho lavado e espremido e refrescava-me a língua.
Esta semana celebramos a Semana Santa, e Jesus também sentiu tanta, tanta sede, devido ao sangue que perdeu, ao suor e à fadiga, para levar a cruz às costas.
Então já pregado no madeiro, saiu dos Seus lábios um grito lancinante:
-Tenho sede!
Os soldados deram- lhe na ponta de uma cana uma esponja envolvida em vinagre, como era costume dar aos condenados, mas o Mestre não aceitou e inclinando a cabeça expirou.
Mas há sedes que a água não mata: Os mais ricos nunca se dessedentam!...
Cada vez abrem mais cadeias alimentares, cada vez querem ganhar mais dinheiro, aumentam os preços, outros compram a justiça, a política e a sua sede não passa. O seu objetivo é sempre mais e mais!...
Mas não ficamos por aqui. Há outras sedes a que temos de estar atentos:
Sede de paz, de amor, de justiça, de condições mínimas para uma vida com dignidade, de acesso à saúde, à educação e a valores que contribuam, para que a pessoa humana seja melhor.
Meus queridos leitores, empenhemo-nos segundo as nossas possibilidades a dar água viva a quem esteja sequioso, pois seremos recompensados.