Cada vez vivemos mais apreensivos com o futuro, aumenta a sensação de insegurança, sabemos que a Paz não é um dado adquirido, a guerra continua, a inflação não pára, e a pobreza cresce.
Deparamo-nos com graves dificuldades na economia e os problemas sociais agravaram-se. Temos os alimentos mais caros que Espanha e quase ao preço de França, apesar dos salários serem muito mais baixos. As narrativas que nos impingiram que os mercados iriam garantir a solução das necessidades da população não se verificaram. As promessas, dos governantes da década de noventa do século 20 que o euro nos permitiria alcançar o «pelotão da frente» da Europa, não se cumpriram. A narrativa liberal, seguida pelos diversos governos, dificultou o desenvolvimento. Somos um país com crescente emigração, de jovens muito qualificados, formados nas nossas universidades, a sair para o estrangeiro por falta de oportunidades em Portugal.
A existência de cerca de 2 milhões de pobres a viver no nosso país, é motivo que nos deve mobilizar na luta pela erradicação da pobreza. A dignidade da pessoa humana impõe que sejamos lúcidos: é necessário distribuir melhor a riqueza e não embarcar nos populismos que afirmam que «só é pobre quem quer, pois há muito trabalho». Na realidade, na população adulta pobre, quase 60% tem emprego (muitas vezes precário), 27% é reformada e só 13% é desempregada. A maior parte dos pobres são filhos de pobres, a sociedade não lhes proporciona um elevador social que os faça sair da condição que «herdaram».
É preocupante a situação de muitos jovens, cujas dificuldades financeiras os impede de terem uma vida autónoma dos seus pais. Muitos têm escolaridade muito baixa, devido ao abandono escolar, mas outros têm 12.º ano e até cursos superiores, mas não conseguem um emprego que permita ir além dos 800 euros por mês e, destes, muitos são obrigados a trabalhar com contractos precários e a tempo parcial, ficando neste caso a auferir remunerações abaixo do salário mínimo nacional. Por outro lado, a demografia alertar-nos para o crescimento negativo da população, situação que, se não for corrigida, pode pôr em causa o futuro do País. É urgente alterar este paradigma.
É fundamental aumentar a produção nacional e valorizar o trabalho, só assim se pode abandonar o estatuto de país pobre. As duas coisas têm que se fazer simultâneo, combinadas uma com a outra. É da máxima urgência que os governantes defendam, em primeiro lugar, os sectores onde se encontra 80% do emprego, ou seja, as micro, pequenas e médias empresas. Sem isto nada feito.