Opinião

Linha do Vouga – uma ligação direta ao Porto

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A solução de conversão da LVV em bitola ibérica com ligação direta ao Porto, em face da solução de bitola métrica, poderá configurar um investimento adicional em cerca de 40 a 45 milhões de euros.

Tenho assistido e participado, ao longo dos últimos meses, nos vários fóruns referentes à Linha do Vale Vouga (LVV) e qual deverá ser o seu futuro. Nas duas sessões realizadas nos passados dias 2 e 4 de fevereiro, uma em Santa Maria da Feira e outra em S. João da Madeira, respetivamente, foram apresentadas as soluções de transporte num canal/via de bitola métrica e num canal/via em bitola ibérica.
Uma das conclusões que retirei e que é de unânime entendimento, principalmente, ao nível do Entre Douro e Vouga (EDV), é de que a Linha do Vouga continua a ser um recurso estruturante para a região, mas é um recurso que está desperdiçado e que é necessário um investimento que sirva os interesses das populações onde se insere.
Das soluções apresentadas, importa referir que a solução de bitola métrica é uma opção em que se reabilita a atual linha, reabilita as estações e se adquire novos comboios, mas que não permite uma ligação direta ao Porto, obrigando os seus utentes a mudar de comboio e ficará como única via de bitola métrica no nosso país, ou seja, excluída de toda a rede ferroviária Nacional. Uma outra solução é a opção pela bitola ibérica, que contempla todos os investimentos da solução de bitola métrica mais a ligação direta ao Porto, ou seja, a linha do Vouga entraria na linha do Norte (a principal via ferroviária do país) e os seus utentes poderão deslocar-se diretamente até ao Porto sem ter de mudar de comboio, com toda a comodidade de um serviço de transportes de nível mundial.
A solução de conversão da LVV em bitola ibérica com ligação direta ao Porto, em face da solução de bitola métrica, poderá configurar um investimento adicional em cerca de 40 a 45 milhões de euros. Considero que este custo não é muito elevado quando comparado com (ainda há dias noticiado nos jornais nacionais) as duas linhas de metro em Lisboa, que só em os trabalhos a mais os custos ascendem os 300 milhões de euros, não esquecendo que falamos de um investimento para mais 100 anos e que servirá uma região onde vivem mais de 300.000 pessoas.
Apresentadas que estão as duas soluções e sendo ambas viáveis tecnicamente, considero que a verdadeira solução de mobilidade e que mais defende o futuro da LVV e interesse dos habitantes desta região, sobretudo dos Sanjoanenses, é a que contempla a ligação direta ao Porto sem ter de mudar de comboio.
Entendo que a solução de ligação direta ao Porto é um desejo antigo e legítimo dos Sanjoanenses e será, também, um elemento de coesão territorial. De facto, neste momento, deparamo-nos com um desequilíbrio entre o norte e o sul da AMP, uma vez que os concelhos de Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira e Santa Maria da Feira veem-se privados de uma ligação eficaz ao Porto.
Considero que, para quem se desloca para o coração da Área Metropolitana do Porto para estudar, trabalhar e em lazer poderem, após a conversão da linha em bitola ibérica com ligação direta, efetuar esta viagem em 40 minutos, por 40€ mensais, sem mudar de comboio (poupando tempo no transbordo), confere uma maior comodidade, tornando o comboio um transporte coletivo mais atrativo, em termos económicos e ambientais, constituindo-se assim uma verdadeira alternativa ao automóvel e, sobretudo, numa mais-valia para os Sanjoanenses.

* Vereador e Presidente da Comissão Política do PSD de S. João da Madeira

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