Opinião

Comboio direto até ao Porto III

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O Movimento Cívico da Linha do Vouga (MCLV) teve a amabilidade de dar a conhecer aos leitores de O Regional um conjunto de propostas e reivindicações acerca da linha do Vouga. Quero deixar claro que não levantarei um dedo contra a generalidade das propostas deste movimento. Até defendo algumas delas, como por exemplo a relocalização de algumas estações e apeadeiros. Nem tenho nada a opor à renovação da linha entre Oliveira de Azeméis e Aveiro, na bitola que for entendida conveniente.
A nossa discordância reduz-se a um só ponto: o MCLV quer manter a bitola métrica em toda a extensão da atual linha do Vouga, enquanto eu defendo que entre Oliveira de Azeméis e Espinho deve ser instalada a mesma bitola ibérica que existe em toda a restante rede ferroviária nacional. E por que razão o MCLV defende a manutenção da bitola métrica? Para desenvolver o turismo ferroviário, permitindo aos turistas desfrutar do exotismo de um comboio a circular na linha do Vouga com bitola métrica.
Pela minha parte, não gostaria de ver a nossa região ao serviço de recordações e memórias dum passado que não voltará. O que defendo é que se aproveite o canal da atual linha do Vouga para assegurar deslocações para a cidade que as populações desta região mais procuram: o Porto. Defendo que, entre Oliveira de Azeméis e o Porto (no interior da Área Metropolitana do Porto) deverá instalar-se a mesma bitola da linha do Norte. Porquê?
1- Para que se possa fazer a viagem de comboio entre Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira, Santa Maria da Feira até ao Porto, sem mudar de comboio em Espinho. Seria um ganho de tempo e de conforto que pode fazer a diferença quando se está hesitante entre o transporte automóvel ou por comboio;
2- Porque a bitola ibérica obrigará a corrigir algumas curvas mais acentuadas da atual linha do Vouga e, desta forma, aumentar a velocidade de circulação. Em vez dos 30 Km/hora a que circula o comboio na atual linha métrica, passaremos para velocidades entre os 80 e os 100 Km/hora;
3- Com a instalação da bitola ibérica e a consequente correção de traçados, seria possível fazer o percurso entre S. João da Madeira e o Metro do Porto (nas Devesas) em menos de 45 minutos. Sendo isto possível por um custo mensal de apenas 40 euros (o atual custo mensal do “andante metropolitano”);
4- Finalmente, não gostaria de ver a nossa região discriminada face a toda a rede ferroviária nacional. A aposta de futuro é nas redes, na conectividade e não no isolamento.
Não desconheço que a solução que defendo é mais cara do que o cenário previsto no plano ferroviário. 45 a 50 milhões será o acréscimo de custo. Mas é um investimento para as próximas 2 ou 3 gerações, servindo uma região com cerca de 300.000 pessoas. Desde o Rei D. Carlos que a nossa região não beneficia de qualquer investimento ferroviário. É justo reclamar para esta região muito menos do que 1% do investimento total do plano ferroviário.
Duma maneira geral apoio as soluções do Plano Ferroviário Nacional. Mas não na parte em que condena esta região a ficar privada de uma ligação de comboio direto, rápido, cómodo e ambientalmente sustentável até ao Porto.

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