Opinião

Por cá e por terras de Sua Majestade

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Por cá
As reformas ou pensões, dos que que tiveram um longo período de trabalho e confiaram no Estado a «poupança» das suas contribuições, para mais tarde terem direito a uma vida sustentável, calma e sem sobressaltos, não deviam ser sujeitas a truques, como está a acontecer.
Em 2006 um governo PS, para a actualização anual das pensões, adoptou uma lei que passou a fazer depender o seu aumento do desempenho da economia e da inflação: em tempos de inflação baixa e de estagnação económica, serviu de travão ao melhoramento das pensões. Os socialistas consideravam a fórmula da lei o alfa e o ómega das contas certas da Segurança Social. Afinal, agora, da noite para o dia, querem mudar a fórmula.
Com Passos Coelho e Portas, entre 2011 e 2015, no tempo da «peste grisalha», a lei foi suspensa e os cortes que ocorreram nas pensões provocaram uma forte quebra dos rendimentos dos pensionistas.
Em 2016 o governo minoritário do PS repôs novamente a lei, mas a sua simples aplicação não permitiu a reposição do poder de compra.
Por exigência do PCP, entre 2017 e 2021, foram realizados aumentos extraordinários das pensões mais baixas.
No inicio do Verão, o Primeiro-Ministro anunciou que, em 2023 haveria um aumento «histórico» das pensões e afirmou categoricamente que a lei continuaria a ser cumprida.
Mas a realidade contraria o anunciado. O Governo, em vez de aumentar as reformas em Janeiro, de acordo com a lei, em cerca de 8 %, vai antecipar um subsidio em Outubro de meia reforma. Assim, quando chegarmos a Janeiro o aumento será apenas de cerca de 4 %. E em Dezembro de 2023, quando aplicarem a lei para calcular as pensões de 2024, a base de cálculo será mais baixa e, consequentemente, as reformas de 2024 serão mais baixas do que seriam se António Costa não fizesse mais esta finta aos Portugueses.

Por terras de Sua Majestade
Por incrível que pareça o tempo e o espaço que os meios de comunicação têm dado às cerimónias fúnebres de Isabel II não têm paralelo com nenhum outro acontecimento em Portugal - parece que nos querem convencer, a nós Portugueses, que também, somos súbitos de sua majestade.
Ninguém em Portugal mereceu tanto tempo de antena nem tanta graxa dos «jornalistas» como Isabel II. Falaram dela como rainha, como chefe de estado e como sábia. Falaram dos filhos dos netos e dos cães. Criaram a ideia que era imaculada e santa e esqueceram muitos factos e acontecimentos em que ela foi cúmplice, como a repressão nalgumas colónias e, muito particularmente, a repressão sofrida pela comunidade irlandesa (da Irlanda do Norte).
Por outro lado, ignoraram um jornalista, sem aspas, que está injustamente nas prisões de sua majestade por defender a liberdade de imprensa. Julian Assange, australiano, fundador, em 2006 e director do WikiLeaks (um sitio na internet com caracter jornalístico) divulgou milhares de documentos oficiais que revelavam operações secretas de vários governos, desde logo dos EUA sobre o Afeganistão e o Iraque bem como denunciavam crimes, como por exemplo, um vídeo de um helicóptero a disparar sobre civis, em Bagdade, conhecido como o «Assassínio Colateral».
Assange está preso em Londres, a pedido dos Estados Unidos que pretendem obter a sua extradição e condená-lo a 175 anos, de prisão, pelo facto de ter divulgado provas da prática de crimes de militares daquele país. Sobre este facto, os «jornalistas» nem uma palavra disseram. O seu silêncio é demonstrativo do estado de miséria a que chegou a comunicação social dominante.

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