Opinião

Reflexos - Pedro Nuno Santos

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É minha convicção... Estivesse Mário Soares ainda entre nós, provavelmente, António Costa estaria agora a braços com a explicação a apresentar aos socialistas no modo como (des)tratou o seu camarada e ministro Pedro Nuno Santos, a propósito daquele despacho sobre a suposta solução para o novo Aeroporto Alcochete/Montijo.
Mário Soares estaria impedido em 2005 de marcar presença na apresentação da candidatura de Pedro Nuno Santos à Câmara da nossa cidade (segundo mandato de Castro Almeida). Não deixaria porém, de enviar mensagem em video justamente de apoio à candidatura, onde declararia entre eloquentes elogios ao ilustre sanjoanense afirmando, passo a citar: “(…) Pedro Nuno Santos será num futuro próximo o grande líder - secretário geral – do Partido Socialista”.
Creio, há muito termos percebido uma acentuada divergência política no modo de estar, enquanto protagonistas da governação, justamente entre os dois (mais) destacados governantes socialistas. Se, o primeiro ministro António Costa, (parece agora...) aberto e disponível para aceitar uma solução confortável para o novo líder do PSD quanto ao Aeroporto, convenhamos que tal posição (nova) do chefe do governo, não casa (nem poderia agradar) com a linha de coerência governativa do ministro das infraestruturas.
Pedro Nuno Santos deixou claro nas entrevistas dadas na ocasião, aos canais de televisão, no dia da publicação do tal despacho, de forma inequívoca, a recusa de solução de consenso com o PSD em tal dossier. Afinal, uma suposta e absoluta contradição com a estratégia então em tempo oportuno, defendida por António Costa, sobre o “novo aeroporto”. E, relativamente à oposição, as declarações de Pedro Nuno Santos nas tv’s, mais não foram uma forma de expressar publicamente uma estratégia de actuação no processo, diferente.
Isto é, o ministro sanjoanense não pactua mais com adiamentos sobre o aeroporto – chega (ao governo...) de tempo demais para “vestir a camisola de Alcochete, Ota, Montijo e Beja” - e, vão mais de dez anos sujeitos a outros (mais) dez por via do desbloqueio de Alcochete face ao processo “ambiental”. Pedro Nuno Santos já demonstrou sobejamente a sua capacidade para concretizar obra, basta observarmos o extraordinário trabalho que vem desenvolvendo na Via Férrea do País.
Não obstante, o “erro político” no timing para a publicação do despacho (António Costa fora do país), tornou-se claro que o ministro sanjoanense das infraestrutruras, estava ali para despachar assunto que a oposição desprezara (declarações do então candidato à liderança do PSD, Luís Montenegro) e, em tais condições, considerar desnecessário consenso com o PSD em tal matéria.
Esta é a linha de actuação enquanto governante, e que, Pedro Nuno Santos tem coerentemente apresentado aos portugueses desde o primeiro instante em tais funções, goste-se ou não. Um discurso diferente, pragmático e claro em relação a quase todos os demais, objectivo e necessariamente ambicioso. O discurso bonito, de ocasião e, a jeito... deixa-o para outros... Deste nosso (certamente) querido sanjoanense, não virão falsos “politicamente correctos”. E, a coerência das suas posições face ao compromisso assumido com os portugueses, é com certeza a melhor lição que nos deixa. Percebo(emos) agora, o pensamento de Mário Soares sobre a importância de Pedro Nuno Santos e, o futuro do (seu) Partido Socialista...

(O autor escreve segundo o antigo acordo ortográfico)

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