Opinião

Cidades Visíveis

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A afirmação de cidades, pelo desenvolvimento social, tem sido uma motivação para o poder autárquico.
O reconhecimento não é fácil.
Para a obtenção dessa distinção, as demais autarquias têm encontrado várias vias.
Em tempos idos, várias localidades, quer municípios ou mesmo freguesias, procuravam a afirmação pelo registo de uma marca. Surgiram as intituladas “capital” dos mais vários produtos naturais, ou de um prato gastronómico, ou de artesanato manufaturado, ou mesmo de artigo industrializado. Os registos sucediam-se e chegou-se ao cumulo do mesmo município ostentar duas ou mais patentes. Havendo casos de freguesias que se antecipavam à sede de concelho, confundindo todo o processo, retirando escala à autodenominação.
É também reconhecido o esforço de regiões e municípios na valorização do seu património.
A corrida aos galardões da UNESCO tem orientado os demais autarcas.
Uma espécie de competição, em que a procura do património imaterial tem tido excelentes resultados, pela salvaguarda de tradições seculares, permitindo a sua difusão turística, sempre importante para quem visita o nosso país e pretende sair da confusão, em que as suas duas principais cidades, estão mergulhadas.
Neste capítulo competitivo, o enquadramento junto da UNESCO do património edificado ou mesmo das paisagens naturais, incluindo os parques geológicos e reservas biológicas, tem sido outro motor para o turismo fora dos grandes centros.
Infelizmente, na ânsia de obter um êxito semelhante a outros concelhos, existe muita vontade em replicar conceitos, não se procurando diferenciação, nem preservação de tradições. A instalação generalizada de passadiços, atendendo ao sucesso na procura dos primeiros construídos, em especial em Sistelo (Arcos de Valdevez) e Alvarenga / Espiunca (Arouca), demonstra alguma preguiça mental, não se renovando conceitos, nem procurando inovação, esperando que o viajante opte por percorrer qualquer oferta, em boa forma física e que o acaso o surpreenda.
É claro que existem municípios que procuram outras soluções.
Optam por trabalhar em rede e convergem em determinados pontos para a sua afirmação.
Há uma razoável lista de redes de cidades em Portugal. Algumas dessas redes estão ligadas com outras estrangeiras, associadas a organismo da própria ONU.
São João da Madeira está ligada à Rede Territorial Portuguesa das cidades educadoras. Extremamente importante para alavancar o desenvolvimento educacional da população.
Outras cidades optaram por se associar em redes de “Smart Cities” - cidades inteligentes – em que o investimento em tecnologia para melhorar a gestão autárquica permite proporcionar aos seus cidadãos uma melhor qualidade de vida e sustentabilidade dos espaços.
Há igualmente uma rede nacional de municípios saudáveis, que seguem orientações da Organização Mundial da Saúde.
Continuando na exemplificação deste tipo de agrupamentos, alguns municípios envolveram-se na procura da Excelência, criando uma rede própria, para estimular o mérito de viver, trabalhar ou visitar a cidade ou vila aderente.
A Direção Geral do Território está a desenvolver esforços para criar a Rede de Cidades Circulares, procurando com os municípios aderentes encontrar soluções para a transição de uma economia linear para uma economia circular.
Ainda assim, a rede de cidades mais apetecível é a mais restrita. Trata-se da Rede de Cidades Criativas, criada pela UNESCO em 2004 e à qual gradualmente têm aderido algumas cidades portuguesas. Esta rede está focada em cidades que têm na criatividade, a arte e cultura um fator estratégico para o desenvolvimento sustentável. São sete os domínios criativos: Artesanato e Arte Popular, Design, Cinema, Gastronomia, Literatura, Música e Artes e Media.
As cidades portuguesas na Rede de Cidades Criativas da UNESCO são: Idanha-a-Nova no domínio da música; Óbidos no domínio da literatura; Amarante no domínio da música; Barcelos no domínio do Artesanato e Arte Popular; Braga no domínio das Artes Digitais; Caldas da Rainha no domínio do Artesanato e Arte Popular; Leiria no domínio da música; Covilhã no domínio do design; Santa Maria da Feira no domínio da gastronomia.
Por este resumo, pode-se verificar como a singularidade de algumas cidades foi extramente bem aproveitada, para a sua afirmação em contexto de desenvolvimento criativo. Existe a garantia de promoção de eventos nos domínios premiados, assim como a continuidade das suas particularidades.
É neste contexto de Cidade Criativa da UNESCO que São João da Madeira tem que se afirmar.
Pode seguir o caminho tradicional de se inscrever num domínio que já tem representação nacional, ou optar por um inédito: cinema ou media.
Se a escolha recair nos media - pois entre outros predicados da cidade, existe um jornal secular, com forte aceitação popular e uma componente de cronistas autodidatas com muita longevidade - haverá obviamente regozijo deste periódico em disponibilizar o seu espólio, para suportar a candidatura.

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