Sociedade

Mulher com cancro está a ser acusada de “enganar pessoas”

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Uma mulher de 43 anos, está a ser acusada de usar a doença para “enganar” pessoas, alegando estar a passar por várias dificuldades.

Sandra Silva garantiu a ´O Regional´ lutar contra um cancro do ovário, desde novembro do ano passado. Explicou que deixou o Brasil em 2019, e veio para S. João da Madeira com o marido à procura de uma vida melhor. Ao fim de sete meses, o “ex-marido” decidiu regressar ao Brasil. Atualmente, com 43 anos, esta mulher ficou em S. João da Madeira, sozinha. Mais tarde ficou desempregada. “Eu trabalhei em várias empresas. Gostei delas todas. Sei que gostavam de mim. Os contratos eram, na sua maioria, muito curtos e não eram feitos diretamente pela empresa. Era por outra entidade”. Na altura em que trabalhava, “até consegui alguma estabilidade”, conta a ‘O Regional’.
Esta cidadã brasileira conta também que a sua vida mudou por completo em novembro do ano passado, quando descobriu que tinha cancro do ovário. “Foi, e continua a ser, muito difícil porque, nessa altura, já estava desempregada e não tinha ninguém de família em Portugal. Vivia em casa de umas pessoas amigas. Sofri em silêncio até não conseguir mais”. O dinheiro que recebe da Segurança Social, “pouco mais de 500 euros, não dá para as despesas, o que não me permite comprar medicação para o meu problema oncológico”.
Um sanjoanense acusa no entanto Sandra de “estar a usar a doença para enganar pessoas”. “Pediram-me a mim e à minha esposa para a ajudar esta senhora, pois estava a passar por muitas dificuldades, e que estava com cancro. Comprámos várias vezes medicação, demos-lhe, inclusivamente, dinheiro, alimentação, envolvemos outras pessoas nossas amigas pessoas para a ajudar a mobilar a casa com o essencial, e descobrimos que, afinal, não necessita tanto desta ajuda”, conta o sanjoanense que pediu reserva de identidade.
“Sentimo-nos usados, enganados, pois ficamos sensíveis com o problema de saúde da senhora”, e alerta para que a população tenha atenção antes de a ajudar. “Fizemos tudo de boa-fé, fomos pedir ajuda a várias entidades, na última semana, e, afinal, vive melhor do que muitas pessoas”, diz revoltado.
Conta que só se apercebeu que algo estaria errado, quando, na Cruz Vermelha de S. João da Madeira, lhe perguntaram se estava a necessitar de alimentos. “Para nosso espanto, disse que não. Que necessitava de outro tipo de ajuda. Perante isto, tentámos perceber o que afinal se passava. Descobrimos que chegou fazer, ou ainda faz, transferências para o Brasil, tem serviço de internet e televisão, com serviços extra (…)”, conta.
Questionada relativamente às acusações que lhe são feitas, assegura que “não é bem assim”. Relativamente às transferências do dinheiro para o Brasil, confirma que chegou a fazer algumas. “Comprei lá um terreno e tenho que o pagar. Foram feitas quando estava a trabalhar, e numa altura em que ainda trabalhava”. Quando ficou desempregada “deixei de as fazer”. Atualmente, com o que recebe da Segurança Social, “sobram-me pouco mais de 60 euros para comer e comprar medicação. Sem a ajuda destas pessoas, eu não ia conseguir curar-me, ter dinheiro suficiente para pagar as contas correntes”. Relativamente ao valor que paga à operadora, explica que “é a única forma que tem de contactar com a família e de passar tempo a ver televisão”.
No dia em que falou com ‘O Regional’, revela ter passado pela autarquia, Cruz Vermelha e Junta de Freguesia. “Qualquer ajuda que me derem, neste momento, será bem-vinda. Não vou desistir. Vou investir tudo o que poder na minha força, convicção e confiança abraçando a vida nesta luta muito difícil”, garante.

Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3888 de O Re­gi­onal,
pu­bli­cada em 21 de abril de 2022

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