“Não foi premeditado, mas tinha uma grande vontade de acabar a minha carreira na minha cidade”
Regressamos ao século passado para recordar a carreira de uma das maiores figuras da história do futebol nacional. António Sousa, chegou onde muitos ambicionam chegar e onde poucos o conseguem.
Jornal O Regional - Como surgiu a paixão pelo futebol? 
António Sousa - Foi uma paixão de família, o meu pai também foi jogador. A crença aconteceu, pelo facto de que, na altura, houve também continuidade dos meus irmãos quando o meu pai deixou de jogar. Portanto é uma colheita de família que no fundo, se foi aperfeiçoando com o tempo e os genes estavam lá na família.
Desde jovem teve a ambição de ser jogador de futebol? 
Começou desde muito cedo, eu ia ver os jogos e os treinos da sanjoanense onde jogavam os meus irmãos. Eles foram e serão sempre grandes referências para mim, o que me motivou muito e através dos dotes que tinha consegui evoluir e crescer de uma forma positiva. E isso foi muito importante.
Fez toda a sua formação na Sanjoanense e com apenas 19 anos muda-se para a cidade de Aveiro para representar o Beira-Mar. É neste clube que acaba por se estrear na primeira liga de futebol. Foi neste momento que sentiu que poderia chegar aos grandes relvados nacionais e internacionais?
Comecei a jogar futebol na sanjoanense com apenas 15 anos. Na altura não havia infantis e iniciados, começava-se pelos juvenis e depois juniores e seniores. E foi assim que iniciei a minha vida como futebolista. A partir dos 15 anos, de imediato, nesse mesmo ano, dei o salto para os juniores. Mantive-me nos juniores por mais uma época, aos 16 anos era júnior e com 16 anos e meio transitei para os seniores. Eram dotes que eu tinha e as pessoas olhavam para mim e notavam que eu podia ir mais além e rapidamente tive um acesso prematuro aos escalões superiores pela qualidade e evolução que foi tendo ao longo dos tempos. A partir daí fixei-me nos seniores, ao lado de grandes jogadores da Sanjoanense e, entretanto, fui sendo visto por alguns clubes, onde mais tarde surgiu a oportunidade de jogar numa equipa da primeira liga como foi o caso do Beira-Mar. E foi assim que, depois do 25 de abril, aos 18 anos, dei o salto para Aveiro procurando uma dimensão ainda maior no desporto nacional.
“É um orgulho enorme para qualquer atleta fazer parte de uma equipa que conquiste títulos”
Depois desta passagem pelo Beira-Mar seguiu-se o FC Porto, onde durante esta primeira passagem pelos dragões consegue conquistar 1 Taça de Portugal e 2 Supertaças. Qual peso teve para a sua carreira vencer estes primeiros grandes troféus?
É um orgulho enorme para qualquer atleta fazer parte de uma equipa que conquiste títulos e o FC Porto era uma equipa que procurava sempre ganhar. Foi isso que foi conseguido no período em que lá estive. A primeira foi muito especial por ter sido efetivamente a primeira e foi com grande orgulho e prazer que a consegui conquistar. E depois o sucesso acontece naturalmente quando estamos num grande clube, como foi o caso.
Para além disso, é ao serviço dos azuis e brancos que se estreia em duas grandes competições europeias. Na Taça dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões) e na Taça Uefa (atual Liga Europa). Qual é a sensação de entrar em campo em competições tão importantes como esta?
Quando é a primeira vez a motivação é grande, há muito stress, muitos nervos à mistura. De qualquer das formas com o evoluir do tempo as coisas começaram a ser perfeitamente normais. Os embates a nível nacional e internacional começaram a ser muitos e vamo-nos adaptando àquilo que é a realidade, concentrados no momento e naquilo que poderia ser o jogo. Procurando passo a passo ir o mais longe possível ao longo do tempo, o que foi sempre conseguido com uma grande maturidade e qualidade quer em termos pessoais quer em termos coletivos e isso faz o crescimento das equipas.
Após completar 5 anos de dragão ao peito, ruma a Lisboa para jogar pelo Sporting. Esta passagem para um rival foi bem vista pelos adeptos e dirigentes do FC Porto?
O Porto pretendia que que eu ficasse, de qualquer das formas, surgiu a oportunidade de dar o salto e ter um vencimento muito maior do que aquele que estava a ter. E segui o meu caminho até Lisboa para representar o Sporting, procurando melhorar a minha vida em termos familiares.
Apesar disso, depois de representar dois anos o clube leonino regressa à cidade Invicta. Porquê regressar e como se deu este regresso?
Um namoro quase imediato e desde o primeiro momento em que parti. Pela simpatia que eu tive dentro da estrutura do FC Porto, pela vontade que os dirigentes tiveram em me ver de novo no clube. As coisas foram surgindo, principalmente no segundo ano em que estive no Sporting, fomos conversando quase desde o início da época no sentido de eu voltar ao FC Porto. E fui com agrado que aceitei, visto que, tinha a família aqui em São João da Madeira, sou bicho do mato e gosto da minha terra e do meu cantinho. Gosto de estar aqui e a opção de voltar, apesar de usufruir de um vencimento mais reduzido, foi fácil porque voltei para minha cidade. Era tudo o que eu queria.
Artigo disponível, em versão integral, na edição nº 3880 de O Regional,
publicada em 24 de fevereiro de 2022





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