Antigamente, a despesa feita no comércio mais tradicional era apontada em cadernos de capa grossa preta e que era rasurada no final do mês, quando o dinheiro chegava. Uma realidade que parece nunca ter acabado em S. João da Madeira.
Há comerciantes em S. João da Madeira que já conheceram várias gerações de clientes. E são estes clientes “fiéis e históricos” que ainda hoje parecem merecer a confiança de alguns comerciantes em S. João da Madeira na hora de vender fiado.
“Ainda fio mas aos clientes a quem sempre confiamos. Estamos a falar de pessoas com cerca de 70 anos que organizaram a sua vida desta maneira e não a podemos alterar pois podem ficariam magoados porque muitos sentem alguma vergonha de isto acontecer”, assume Virgínio Pinto Sampaio
O velho livro dos “calotes” ainda existe mas não com tantos clientes devedores. ”A maioria são pessoas que pagam quando recebem a reforma”. Em 48 anos de atividade já viu de tudo. Mas se um cliente habitual se esquecer da carteira “claro que leva a mercadoria”, explica.
Virgínio Sampaio explica que o tradicional “ponha na conta” passou mais para o “venho pagar amanhã”. Nunca considerou o “fiado correto” para nenhum comerciante. “O pagamento tem que ser feito no ato da compra. Hoje já não permitimos que isso aconteça. Não podemos permitir muito essa abertura pois é um risco que corremos” à exceção dos clientes antigos em que deposita toda a confiança, diz este comerciante da Rua do Condestável.
Artigo disponível, em versão integral, na edição nº 3877 de O Regional,
publicada em 3 de fevereiro de 2022