“São 100 anos de história de S. João da Madeira plasmados nas páginas d’O Regional, que nos contemplam e nos orgulham”
José da Silva Pinho nos 100 anos do jornal, destaca muitos daqueles que fizeram parte da sua história, que é também a de S. João da Madeira.
Conhece mais de metade do século de vida d’O Regional. José da Silva Pinho foi durante décadas o único administrador da empresa José Soares da Silva, Lda, que, no início de 2021, viu a Rádio Regional Sanjoanense, que deteve, deixar de emitir por frequência, por razões económicas. “Custa-nos deixar alguma coisa que nos deu tanto trabalho e prestou um serviço à comunidade”, refere agora José da Silva Pinho que, não obstante, encara o facto com uma certa naturalidade, até porque não é homem para desânimos. Acredita que sem a fundação do jornal, teria havido na mesma emancipação concelhia, mas teria ocorrido mais tarde. Nos 100 anos do jornal, destaca muitos daqueles que fizeram parte da sua história, que é também a de S. João da Madeira. “São 100 anos de história de S. João da Madeira plasmados nas páginas d’O Regional, que nos contemplam e nos orgulham”, conforme vinca.
Quando o contactei para esta entrevista disse que já tinha respondido a tudo. Não há nenhuma pergunta que nunca lhe tenham feito e gostasse que lhe fizessem?
Por princípio, em toda a minha vida pessoal e nos cargos que ocupei, nunca pus condições para perguntas. Podem perguntar tudo o que quiserem e entenderem, mesmo o mais inconveniente. Há coisas que respondemos e temos na nossa vida e é difícil dizer pergunte-me sobre isto ou aquilo. Agora, há questões sobre o jornal que julgo que era de interesse perguntar, mas aceito todas as perguntas. Portanto, força.
Qual a memória mais antiga que tem da relação com o jornal?
Muito antiga, teria 15 ou 16 anos. Nasci no Parrinho, aquele lugar, era meia dúzia de casas. A minha mãe era forradeira de chapéus e trabalhou numa fábrica do pai de José Soares da Silva. Portanto desde a minha juventude, passei a conhecer o senhor Zeca Quintino, como era conhecido, e o relacionamento vem daí, falávamos criando uma grande amizade. Depois, comecei a ler o jornal, era de quatro páginas. Até há um período muito difícil, que mesmo com 4 páginas, apareciam espaços com a palavra “vago” no interior do jornal.
Mas lembra-se de visitar a redação, isto é, um espaço do jornal?
Era em casa de José Soares da Silva. O que era a redação? Era ele a fazer o jornal. Não tem nada que ver com o que é hoje.
Quando assumiu a administração do jornal, 1 janeiro de 1974...
Desde 1968, sem o meu nome constar no jornal, escrevia umas coisas, uma ou outra cortadas pela censura...
“Toda a vida sonhei com a liberdade”
Era precisamente aí que ia. Se nessa altura estava longe de imaginar que haveria uma revolução que poria fim à censura e se sonhava com uma redação livre?
Toda a vida sonhei com a liberdade, sobretudo a partir das eleições de Humberto Delgado. Participei pela oposição a distribuir listas. “Oficialmente” estive a fiscalizar urnas de votos pela oposição em 1969. Lutava para que o país vivesse em liberdade, mas ser um adivinho de que ia haver uma revolução ou um golpe de Estado... não sou adivinho.
Artigo disponível, em versão integral, no suplemento inserido na edição nº 3872
de O Regional, publicada em 1 de janeiro de 2022