As associações desempenham de há muito um papel essencial na vida de uma comunidade, sejam culturais e recreativas, desportivas, de solidariedade social ou empresariais, estas asseguram um contributo insubstituível na construção e afirmação de identidades coletivas, na formação, no desenvolvimento e capacitação das pessoas enquanto cidadãs ou na prestação de serviços de proximidade. São um elemento fundamental no incremento da participação cívica e, como tal, agentes privilegiados de democratização no sentido da democracia participativa. Assumem-se assim, como uma peça importante na participação para o desenvolvimento social dos cidadãos e das comunidades locais.
Sabe-se desde há muito que o desenvolvimento local envolve fatores sociais, culturais e políticos, que se regulam essencialmente pelo sítio e cultura em contexto local. Assim, é considerado como o conjunto de atividades culturais, económicas, políticas e sociais que participam de um projeto de transformação consciente da realidade local. Para ser um processo consistente e sustentável, o desenvolvimento deve elevar as oportunidades sociais e a exequibilidade, a competitividade da economia local e que assegure também a conservação dos recursos naturais. O desenvolvimento local, normalmente está colado a iniciativas inovadoras e mobilizadoras das coletividades, articulando as potencialidades locais. Quando se fala em desenvolvimento local não se refere só ao desenvolvimento económico, mas também ao desenvolvimento social, ambiental, cultural, político e principalmente humano. Por isso, é preciso cada vez mais, realizar investimentos em capital humano, capital social e capital natural, e como é obvio os correspondentes ao capital económico e financeiro. No meu ponto de vista, a abordagem para o desenvolvimento local possui visão integrada de todas essas dimensões, já que é difícil separar a interdependência existente entre elas e obter resultados!
Portanto, faz-se necessário que as bases económicas e de organização social ao nível local, sofram as adaptações necessárias para que se possa explorar as suas capacidades e potencialidades específicas em busca de ações que vislumbrem concretizar interesses comuns capazes de promover o desenvolvimento através de práticas associativas e que se consolidem ao longo dos tempos.
«As grandes transições que irão ocorrer nesta década terão uma importância crucial para o futuro do movimento associativo de base local»
Enquanto dirigente associativo, defino como muito importante que entre parceiros ativos no desenvolvimento local, se fomente estratégias e as iniciativas que estimulem a diversificação da base económica local, favorecendo o surgimento e a expansão de empresas. As economias locais e regionais crescem quando se difundem as inovações e o conhecimento entre as empresas e os territórios. O desenvolvimento local é um processo de crescimento económico e social, de mudanças de paradigmas, que deve ser liderado pela comunidade ao utilizar seus ativos e suas potencialidades, com o intuito de melhorar a qualidade de vida da população.
Não podemos esquecer que as grandes transições que irão ocorrer nesta década terão uma importância crucial para o futuro do movimento associativo de base local. Refiro-me às transições climática, energética, ecológica, migratória, económica, laboral, digital, social e cultural. Tendo em conta o momento e a suposta regularidade de implementação, é de esperar inúmeros problemas na adaptação e transformação em todos os territórios!
E é neste puzzle que as peças têm que encaixar, que se levanta a questão muito séria da disponibilidade voluntária de participação humana e da reinvenção do movimento associativo de base local, que como sabemos é peça fundamental em projetos e atividades de ação municipal e dos programas de iniciativa comunitária que se materializa em desenvolvimento local.